Foi quando o mundo me parecia completo. O sexo não era algo para a carne, alimentava mais que isso em mim. O desejo se manifestava em situações grandiosas, sublimes, ser visto como um homem importante, pelas idéias, principalmente. Eu não era nem um pouco ambicioso, o que carrego até hoje e que me anuncia uma vasta derrota a ser amargada mais tarde, quando tudo não passar de miragens que se formaram para eu continuar vivo.
Até à igreja eu ia para agradar minha pequena namorada. Ela já tinha seios formados, que no meu parecer de agora deviam ser grandes e lindos. Éramos adolescentes; eu, dois anos mais velho; ela, com corpo já de mulher. Lembro dos homens olhando-a com fome. Ela fazia sucesso na rua onde morava e eu era o cara que pegava a menina mais gostosa do bairro. Mas isso eu só vim saber mais tarde, quando já não era um adolescente.
Entrava na igreja para não ficar muito longe dela. Sentia-me mal, com freqüência, naquela construção moderna anos 70, redonda... Só me lembro que era redonda a igreja. Não me lembro dos jesuses, dos santos, do sangue, do terror sendo amargado na cruz com vinagre e lanças pontiagudas. Não tinha a demonstração da piedade que os santos têm nas igrejas mais convencionais, escuras e de um cheiro secular. Não me lembro de quadros nem de púlpito. O padre pregava a moral cristã anti-sexo. Eu passava mal.
Ela me dava um seio para eu acariciar. O pecado se mostrava como um monstro maravilhoso no qual estava inclinado a deitar minha cabeça e me consolar. Um dia com um seio numa das mãos, numa rua arborizada à noite, nas sombras da devassidão pueril. Nem sei o quanto eu tinha de porra nutrida para inundá-la, nem me lembro de ficar de pau duro nestas horas. Era como uma religião que eu temia e adorava, que ora me impulsionava para frente, para dentro dela – eu tinha que estar dentro dela, com meu pinto, com seus líquidos, sua pele que pulsava esticada e ficava transparente com veinhas azuladas no contorno do bico –, ora me derrubava com a razão, com meus estudos, com minha educação. Adoeci.
E permaneci doente até o próximo pegar nos seios dela, que me oferecia sem pudor, como um pecado necessário. Havia a aura da religiosidade esmagando meu cérebro, o que estava certo e errado por séculos não podia se mostrar tão assim indiferente nas calçadas por onde eu andava com ela e queria porque queria enfiar minha mão na blusa, passar o sutiã, encontrar quentinho aquele monte de carne macia e dura, a pele frágil dos bicos como se fossem lábios sensíveis e que eu beijaria, se ela deixasse, e que eu esmagaria com as pontas dos dedos ou arrancaria com minha boca. Se ela deixasse.
Até eu vê-la saindo de casa dentro do carro de um cara bem mais velho. E eu passei a acreditar nas besteiras vigentes da economia, da sociedade, tudo porque eu não tinha um carro, mas uma bicicleta da qual nem me lembro a cor.
segunda-feira, 17 de setembro de 2007
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2 comentários:
vc é muito maravilhoso
parabéns bem atrasado
Muito linda essa série 4.0! Um texto melhor que o outro.
Beijos
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